Após o Diário Catarinense retratar no fim de semana a disparada de 65% dos assaltos em Santa Catarina nos últimos cinco anos, o secretário-adjunto da Segurança Pública (SSP), Aldo Pinheiro D'Ávila, disse que a origem do problema não está nas polícias Civil e Militar, criticou a impunidade e a ausência do poder público em áreas de maior incidência criminal.
A declaração de Aldo Pinheiro D'Ávila, que é delegado e ex-chefe da Polícia Civil nos quatro primeiro anos do governo Raimundo Colombo, foi a primeira dada por uma autoridade da segurança pública ao ser indagada pela reportagem sobre a escalada dos roubos no Estado entre 2011 e 2015. O número de roubos, quando o ladrão age com violência e normalmente armado contra a vítima, saltou de 10.727 ocorrências em 2011 para 17.691 no ano passado.
- É um grande problema a ser resolvido. As polícias também estão prendendo cada vez mais, entretanto, a origem do problema não está nas polícias. Permanecemos reclamando de quem combate a consequência. É como criticar o analgésico porque o tumor não para de crescer - comparou Aldo, garantindo que o titular da SSP, secretário César Grubba, vem cobrando constantemente e de forma severa a melhoria de resultados das polícias.
O secretário-adjunto reconhece a falta de efetivo como complicador, mas que há outras razões para o aumento da criminalidade:
- Nossa missão não é combater as causas, embora o façamos constantemente, e sim as consequências e, nesse ponto, as polícias têm feito a sua parte, prevenindo e investigando no limite de suas possibilidades, apesar de toda uma legislação que estimula a impunidade e dificulta as ações policiais - critica.
"Enxugando gelo"
Para Aldo, a demora na punição dos criminosos é outro motivo para o aumento dos roubos. Em caso contrário, as polícias permanecerão 'enxugando gelo eternamente':
- Os grandes fatores que criam o ambiente propício ao aumento da criminalidade são a sensação de impunidade, a punição tardia e a ausência do poder público nas áreas de maior incidência criminal.
Após a publicação da reportagem sobre o crescimento dos roubos, o Diário Catarinense recebeu manifestações de policiais civis e militares preocupados com a situação em que vive a segurança pública e a demora de uma reação à altura contra os bandidos.
- Fico assistindo a tudo isso. Cabeça sendo arrancada em Joinville, morte em cima de morte em Criciúma, roubos e mais roubos na Grande Florianópolis e agora numa disputa de traficantes, dois turistas são baleados (Guarda do Embaú, em Palhoça, na sexta-feira). Alguma coisa está errada - observou um delegado, preocupado com o aumento da violência.
Joinville assusta
O crescimento dos homicídios em Joinville até agora segue sendo o maior desafio das polícias. Foram 19 mortes em 40 dias este ano e 127 em 2015, recorde histórico na cidade. Duas facções (Primeiro Comando da Capital e Primeiro Grupo Catarinense) travam batalha sangrenta pela disputa de pontos de tráfico de drogas.