A HISTÓRIA DA ESTRADA SÃO JOÃO BARRACÃO.
Uma portaria de oito de abril de 1927, do Ministério de Viação e Obras Públicas, criou segundo o Livro do 5º BE Tomo II, página 17, onde cita-se as construções de estradas e Construções, do 5º Batalhão de Engenharia de Porto União. Na data citada criou-se a Comissão de Estradas de Rodagens do Estado do Paraná e Santa Catarina (C.E.R.P.S.C) ou simplesmente C.E.R., ficando o subcomandante da Unidade nomeado seu primeiro engenheiro.
No TOMO II, nota-se o trabalho empregado pelo exército na região de São João, atualmente Matos Costa, que constituía a construção de uma estrada, um eixo balizado ligando São João a Guarapuava e Foz do Iguaçu.Em 25 de abril de 1927, uma nova diretriz baixada pelo Ministério de Viação e Obras Públicas, mudaria tudo, redirecionando os estudo para um outro traçado que ligaria São João , passando por Palmas, Clevelândia até Barracão no Paraná na divisa com Dionísio cerqueira em Santa Catarina.
Nesta época comandava interinamente o batalhão, o Capitão Juvêncio Corrêa de Araújo.
No dia 23 d abril de 1927, inicia-se a construção da referida rodovia, que atualmente inicia na SC 135, acima do Parque de Eventos, CTG Porteira da Amizade em Matos Costa.
NA PÁGINA 18, DO tomo II, CITA-SE QUE [...] Seguiram-se a essas primeiras providencias, a criação das turmas de reconhecimento e de exploração, o que foi levado a efeito nos dias 27 e 29 de abril.
A turma de reconhecimento era composta por dois 3º sargentos, três cabos; e 13 soldados; mais oito muares para o trabalho de tração e quatro cavalos para a “montaria” dos oficiais que compunham essa primeira expedição eram o Capitão João Candido de Araújo Oliveira e o aspirante a oficial Antonio Moreira Coimbra.
Esses dois oficiais, segundo a história, acompanhados de alguns integrantes embarcaram no dia 30 de abril, no trem rumo a São João(Matos Costa), sendo seguidos pelo resto do efetivo no dia dois de maio.
Durante o mês de maio de 1927, várias turmas foram enviadas para o reconhecimento estudos da referida rodovia.
A localidade São João; segundo estudos da época, é São João dos Pobres, atual Matos Costa.
O Professor Dimas Conceição de Lima Ferreira da UNESPAR fez o seguinte relato dos trabalhos do 5º BE naquele período.
[...] Em julho de 1927, as primeira equipes d e exploração acampam na localidade de Espingarda, mudando mais tarde para Passo da Galinha(General Carneiro) onde ficam até fevereiro de 1928. Na mesma citação o professor conta (aqui resumida), que havia dificuldades sanitárias e precariedades mecânicas para construção das estradas neste ano. Muita terra foi removida com carrinho de mão e puxada no lombo de burros, mas, havia alguns caminhões, tratores e rolos compressores, estes últimos movidos a vapor, conforme atestam fotografias existentes. Nesta época muitos civis trabalhavam contratados pelo quartel, ajudando os soldados a construir a estrada.
As inúmeras movimentações de tropas na época, acampamentos movimentaram a região de São João e Passo da Galinha, fatos descritos no Livro do 5º BE o TOMO !.
Muitos empreiteiros foram contratados para o trabalhos, entre os quais Gusmão, Dourado e Baldassini, Waldemar Bornhausen, Borges e Companhia, José Antonio Pereira, Leônidas Coelho e Carlos A. Coelho e CIA, sendo todos fiscalizados por oficiais da unidade, que permaneciam acampados nos respectivos trechos de trabalho.
O pequeno povoado de São João tinha um, movimento enorme no comércio, nas estações ferroviárias os trens partiam lotados nas folgas dos soldados. Moradores daquela época afirmam que as brigas eram constantes, pois muitos eram pessoas desconhecidas na região. Em General Carneiro também o movimento era grande.
Consta que no dia 29 de julho de 1929, foram numerados todos os animais empregados pelo batalhão no trabalho de tração e outros de montaria, sendo 78 eqüinos e 20 muares. No mês de dezembro os numero era de 100 eqüinos e 23 mures.
Em quatro de outubro de 1929, o batalhão teve a sua frente de trabalho inspecionada pelo Ministro da Guerra, General de Divisão Nestor Sezefedro dos Passos. Era a primeira vez que o Ministro da Guerra visitava o 5º BE que naquela época estava sediado em Palmas PR.
Eles desembarcaram na estação de São de São João, ponto inicial das obras da rodovia, e segundo dados da época do livro “História do Corpo, na folha nove, que as autoridades citadas percorreram 110 kilômetros de rodovia já em tráfego. Na ocasião inspecionaram minuciosamente as instalações e serviços de cada uma das sub-unidades.
Até o final do ano de 1929 o exército já havia construído 210 quilômetros de reconhecimento; 120 de locações e 90 de construções.
AS PONTES DO RIO PRETO E RIO JANGADA.
Estavam em construções duas pontes sobre os Rios Preto e Jangada, ambas em concreto, no Rio Preto com 94 metros e no Jangada com 133 metros, respectivamente. As pontes ainda permanecem no local, apenas a do Rio Jangada está se deteriorando com o tempo, no Rio Preto foi reformada nos anos 2000.
Em primeiro de janeiro de 1930 foi aberto ao trafego de veículos o trecho de São João a Palmas PR com 124 quilômetros de extensão. Durante o tempo, foram mantidas turmas de conservação da estrada, limpeza de valas para a coleta das águas fluviais livremente, sem prejuízo para o leito da rodovia. Umas das tarefas da turma de conservação era desobstruir os bueiros e pontilhões e velar pela conservação das pontes. Outra tarefa era a roçada na beira da rodovia para manter o leito seco, No aniversário do Batalhão, em 1930, foi aberto oficialmente o trecho Palmas a Clevelandia; da rodovia São João.
Em primeiro de maio, no dia do trabalhador, o Comandante da Unidade, Coronel José Osório, fez o seguinte discurso:
[...] Reserva-lhe, porém, o destino, em futuro próximo, dias de fulgor e de orgulho, no batalhar destemeroso contra outra ordem de inimigos; o sertão impérvio; o deserto, o desconforto dos acampamentos e o cortejo de insídias da floresta. Ei-lo, há três anos, afanosa empresa de ligar a estação de São João, da Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande, a Barracão na fronteira com a Argentina, por uma rodovia de primeira classe, em cuja penas tarefas, do mesmo passo, o 5º BE, afirma: Sua capacidade técnica de engenharia, seu espírito de sacrifício, reflexo de sua disciplina e quão acertado tem sido o emprego dado aos recursos pecuniários que lhe tem sido confiados. Dentro de prazo relativamente pequeno construímos 170 quilômetros de estrada, duas pontes de concreto armado, cinco de madeira, muros de arrimo e inúmeras obras de arte correntes. As obras de arte a que se referiu em seu discurso o comandante; são bueiros e pontilhões.
A referida rodovia, passado 95 anos permanece, mas os discursos do comandante, das pessoas que presenciaram na época, não sabiam, eles que governadores e Presidentes do Brasil, não manteriam uma rodovia, que nota-se até os dias atuais que não parece ter muitas subidas ou descidas, devido à engenharia da época e o trabalho muito bem executado. O trecho ainda percebe-se muitas peculiaridades da época, onde empresas foram se instalar ao lado de uma rodovia interestadual, que ligaria dois estados e uma fronteira internacional.
UMA ESTRADA QUE ATUALMEMTE É MANTIDA PELO MUNICÍPIO DE Matos Costa, pois parte do trecho e duas pontes estão no estado de SC. O movimento de veículos entre os anos de 1930 e 1959 foi enorme, caminhões de serrarias transitavam livremente, carros de passeio, ainda nos de 1970, uma posto fiscal da Coletoria estadual foi instalado no Lado catarinense, próximo da ponte de 133 metros sobre o Rio Jangada. Bares, armazéns, fábricas de papelão, de pasta e serrarias movimentaram a região. São João e Passo da galinha eram duas cidades pujantes, a primeira pertencente ao Município de Porto União, ainda tinha ligação com Calmon onde tinha a serraria da Lumber e Rio Caçador que também já era uma potencial madeireira.
Contavam os antigos que as maiores arrecadações do estado de SC, entre 1940 e 1980 eram de Matos Costa e Calmon juntas, devido ao número de empresas existentes: Nota-se, as três fitas, São Roque, Gringos, Polatti, Forte, Novacki, entre outras empresas.
Resta dizer, que a muito tempo, depois de tomar conhecimento através do tomo II do 5º BE, minha vontade era escrever sobre essa importante estrada, que foi construída aqui pertinho de nós, está ainda logo ali, e ninguém contava nada. Como jornalista nascido nesta região, formado pela UNIUV em 2008, tenho a obrigação de contar nossa história regional, mesmo muitos não oferecendo muita atenção e apoio ao nosso propósito.Acredito, que povo que não conhece sua história, não sabe o que perde de tão importante.
João Batista Ferreira dos Santos,
Jornalista, pesquisador e comunicador.
Referências:
5º BATALHÃO DE ENGENHARIA DE COMBATE BLINDADO: 100 ANOS DE HISTÓRIA ¨ TOMO II/ CARLOS EDUARDO FRANCO AZEVEDO, CLAUDIO ÉRICO DE ALMEIDA SILVA EROS JOSÉ SANCHES(ORGANIZADORES). Uniuv União da Vitória PR.