Apicultores aprimoram produção orgânica em encontro catarinense
Doze
produtores de mel de assentamentos da reforma agrária em Calmon e Matos
Costa, no Planalto Norte catarinense, participaram, nesta sexta e
sábado (5 e 6), do 33º Encontro Catarinense de Apicultores e
Meliponicultores. A oportunidade é de aprender em cursos e palestras,
fazer contatos e aprimorar a produção, que tem certificação orgânica e é
comercializada no Brasil e exterior.
"A participação é importante para trocar informações, saber mais sobre
manejo e genética e ter acesso a tudo o que envolve o mercado", explica o
coordenador de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) que
acompanha a comitiva, Ariel Stefaniak. Os participantes representam 109
famílias assentadas que produzem mel em 2.956 colméias instaladas nos
assentamentos da região. O produtor Adair Antônio Perozzo, do
assentamento 13 de Outubro, em Matos Costa, é um deles, cuja produção
envolve 400 caixas de abelhas produzindo 10 toneladas de mel por safra.
"Comprador não falta", garante Adair. O mercado atraente se deve muito
pela característica do produto orgânico, altamente valorizado e o único
aceito para exportação. Cada quilo do mel orgânico que sai dos
assentamentos é comercializado em média por R$ 11, garantindo boa renda
ao apicultor.
Vilmar Kawales, do assentamento Putinga, em Calmon, também está
entusiasmado com a atividade. "Tenho certificado americano que vistoria
uma vez por ano a produção, mas por enquanto, vendo para entreposto, que
torna mais fácil a comercialização", explica.
Potencial de expansão
Segundo especialistas, a região se destaca como uma das melhores do país
para produção de mel e melato - substância adocicada produzida pelas
cochonilhas, insetos que habitam as matas de bracatinga (árvore típica
da Região Sul) e capoeira. Por isso, ainda há possibilidade para
expansão da atividade nos assentamentos, que contam com 70% por cento da
área de pastagem apícola. "Os assentados precisam aproveitar esse
potencial da região e melhorar a técnica, atuando nas colmeias que
atrapalham a produção", revela Luiz Celso Stefaniak, da Federação das
Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina
(FAASC).
Luiz Celso destaca a valorização do mel orgânico no mercado
internacional, mas alerta para os riscos que ameaçam a produção,
representados sobretudo pelos agrotóxicos e transgênicos. "No mundo está
faltando mel, enquanto países como a Argentina tem produção de dois
anos sobrando, isso porque não é orgânica (...) Todos os transgênicos
têm influência na abelha, é um risco que estamos trabalhando para
impedir", explica o apicultor.