O deputado Marcos Rogério (DEM-RO) entregou ao Conselho de Ética da Câmara, na manhã desta terça-feira, o relatório e o seu voto a favor da cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O documento foi recebido pelo presidente do órgão, José Carlos Araújo (PR-BA). A reunião de leitura do texto deverá ser marcada ainda nesta semana. Cunha foi afastado de suas atividades parlamentares no último dia 5 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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O voto de Rogério ficará lacrado até a sessão do Conselho. No entanto, integrantes do colegiado relataram à Folha de S. Paulo que o democrata pede a cassação de Cunha com base no argumento de que o peemedebista mentiu à CPI da Petrobras, no ano passado, quando negou ter "qualquer tipo de conta" no Exterior.
"Sem pegadinha"
Na manhã desta terça-feira, em entrevista à Rádio Estadão, Rogério ressaltou que gostaria de que as acusações contra o presidente afastado da Câmara não "fossem verdade". Sem adiantar o conteúdo do parecer, ele chegou a elogiar Cunha como presidente da Casa, mas sublinhou que o acusado tem "um passado comprometedor".
O democrata, que não quis antecipar a sua posição para não "eternizar" o processo, voltou a afirmar que segue a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que limitou o seu escopo à acusação de que o peemedebista teria mentido à CPI da Petrobras.
— Para evitar que o processo se arraste, acabei adaptando. Mas estou levando em consideração um conjunto de provas. Farei menção ponto a ponto sobre o que ouvimos no processo (...). Meu voto não terá pegadinha — disse.
Cunha: confiança na absolvição
Em entrevista à Rádio CBN, nesta terça-feira, Cunha voltou a se defender das acusações de quebra de decoro parlamentar. Ele reiterou que não é titular de conta que não esteja declarada no Imposto de Renda e que não mentiu à CPI da Petrobras.
— O dinheiro, não o patrimônio, antes de ser transferido, me pertenceu. No momento em que foi doado ao truste, o truste passou a ser o proprietário do patrimônio. E, mesmo se eu tivesse, a pergunta é se eu tinha conta. E conta eu não detinha — pontuou.
Indagado se está preparado para o processo que poderá resultar na cassação de seu mandato, Cunha salientou que pretende ser absolvido e que está confiante por não ter culpa nos fatos citados.