No dia 23 de abril de 2.020, Matos Costa completa o 58º aniversário de Emancipação Político Administrativa . Infelizmente devido a pandemia do coronavírus, não será realizada festa no Município. O Prefeito Raul, lamentou, mas ao tempo em que afirmou, que festa pode ser feita em outras datas, mas as vidas humanas devem ser preservadas.
Raul aproveitou para parabenizar todo o povo de Matos Costa, acrescentando que muito foi feito na administração Municipal, junto com o companheiro Paulo Camargo e uma equipe que sempre esteve presente nestes anos de administração.
Quando paro para pensar que a querida São João dos Pobres, está completando 58 anos de Emancipação Política Administrativa, retorno ao tempo: …vamos embarcar na “Máquina do Tempo”, retornar ao passado do Rocio, quando famílias inteiras de negros viviam a sua vida cultivando lavouras, construindo suas casinhas a beira do Riacho Rocio…
ENTRE AS GRANDES OBRAS ESTÁ A RESTAURAÇÃO DA GRUTA NOSSA SENHORA APARECIDA.
INÚMERAS OBRAS MARCARAM O MANDATO DE RAUL E PAULO, ENTRE ELAS ESTÁ TAMBÉM A PAVIMENTAÇÃO DA RUA TEREZA CRISTINA.
Imagino como deveria ser bom, ver o sol nascendo em meio aos incomparáveis campos que se perdiam de vista, das densas florestas de araucárias, que no mês de maio, junho e julho o pinhão era farto, se colhia direto do chão depois de maduro. Quantas sapecadas foram feitas nos capões de matos em meio aos verdes e lindos campos que rodeavam o pequeno povoado de São João dos Pobres.
Tempos em que São João Maria passeava pelos mesmos campos pregando o bem e ensinando o povo a se preparar para ver o “carreiro do Dragão de Fogo” (Trem), ou para se preparar para ver o ‘PÁSSARO DE FERRO” (avião) que” rasgaria os céus”, assustando muita gente. Locais onde deixou sua marca através de cruzeiros e pocinhos para o povo matar a sede, batizar crianças, águas que nunca secaram e depois de séculos permanecem intactos.
Vale ressaltar que os primeiros moradores, além de fazendeiros, foram os Negros do Rocio, São João dos Pobres. Neste espaço com o tempo os negros, construíram suas casas cobertas de “tabuinhas”, incluindo a IGREJA DO ROCIO, e mais um Cemitério. O monge João Maria de Agostinho foi um dos frequentadores do referido povoado, de ex-escravos, conselheiro e amigo. Entre as frases do “Monge” ficou uma que permanece até os dias atuais. “Quando a Igreja do Rocio cair e o cemitério for abandonado, São João vai para no tempo”.
Com a construção da Estrada de ferro São Paulo Rio Grande, o progresso da região foi impulsionado de modo notável, fato presenciado por moradores da época. Segundo escritos, facilitou a vinda de novos colonizadores. A inauguração da ferrovia, fator importante na história e desenvolvimento, aconteceu no dia quatro de abril de 1.908, ligando a então vila de São João a cidade de Porto União SC.
Em 1.912, os caboclos chefiados pelo “Monge” José Maria, iniciaram uma batalha contra as empresas americanas, que lhes tomaram suas terras, mas na visão dos que defendiam a estrada de ferro, eram rebeldes, para nós caboclos, eram homens e mulheres lutando por seus direitos. Segundo escritos da época, iniciaram uma série de vingança saqueando fazendas e povoações a beira da ferrovia. Em 1914, foi o centro das atenções, quando os povoados de Calmon e São João foram atacados e queimados. Nesta data Benevenuto Baiano, assassinou várias pessoas em São João, entre eles o próprio Capitão João Teixeira de Matos Costa, que defendia os caboclos em suas reivindicações.
Em 15 de setembro de 1.917, através da resolução número 37, a Localidade passou a Distrito de São João. Em 1.919, foi plantado o marco de divisa entre Paraná e Santa Catarina, o qual se situa as margens do Rio Jangada. A 23 de dezembro de 1.933, foi iniciada a primeira estrada de rodagem que ligaria São João a Irati de Palmas PR. Neste trecho, que foi construído pelo quinto B.E.C de Porto União SC, foram construídas duas pontes uma, sobre o Rio Preto e outra sobre o Rio Jangada, as duas obras em alvenaria em um trabalho digno de excelente engenharia.
Com a construção da nova estação ferroviária, o então Distrito de São João, passou a denominar-se, simplesmente Matos Costa, em homenagem ao destemido Capitão, morto numa emboscada armada por Venuto Baiano e seus comandados, com diversos soldados de seu batalhão e muitas famílias que habitavam a localidade.
Em 23 de abril de 1.962, pela Lei Estadual número 819, foi “criado” o Município de Matos Costa SC, e em 22 de julho do mesmo ano, foi o Município instalado oficialmente perante o Juiz Substituto da Comarca, representante do senhor Governador e inúmeras autoridades do Estado.
Histórias que se eternizaram com o passar dos tempos, mas que permanecem vivas nas memórias daqueles que preservam e gostam de história. Matos Costa das grandes fazendas de gado, das grandes lavouras, dos pinheirais, do Rodeio Crioulo, das nevascas que encobriam os territórios nos gélidos invernos que passaram e ainda permanecem frios devido à altitude.
Em abril de 2.020. Matos Costa completa 58 anos de Emancipação Política Administrativa, tudo o que foi feito construído com o passar dos anos foi em prol do Povo Amigo desta terra.
Não nasci aqui, mas sou filho de Calmon, que é filho de Matos Costa.
Sou um simples escritor caboclo, que registro através da caneta o que me contam no dia a dia que convivo com este povo.
Parabéns São João dos Pobres, Parabéns Matos Costa!
Sobre o Autor: João Batista Ferreira dos Santos, jornalista e pesquisador da história regional. Autor do livro “A História de Calmon na Guerra do Contestado” e das Crônicas: “Setembro Ensanguentado”; “A Moça do Armazém”; “As Botas de Borracha de Meu Pai”; e “Interior da Serra Acima”. Jornalista profissional pelo Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV – 2008, nasceu em Calmon SC. É a Assessor de Imprensa há 27anos. Diretor Proprietário da Rádio Destaque Regional de Calmon e repórter do Jornal da Kairos FM de General Carneiro, Paraná, de segunda a sexta-feira. Presidente do Grupo Resgate Associação de Calmon.