A VIDA DE ALVINA ROSA DE SOUSA
A senhora Alvina Rosa de Sousa, 84 anos nasceu em São João (Matos Costa), 1.932, filha de Benedito Abel dos Santos e Ana Monteiro da Silva, mãe de 15 filhos, destes, apenas seis sobreviveram, 26 netos e 37 bisnetos. Segunda ela, muitos moradores da antiga comunidade Rocio, eram seus parentes. No cemitério "velho" (com 156 anos), estão sepultados seu avô, bisavô, sua mãe, irmã, tios, entre elas a sua Avó Ambrosia da família Monteiro, avó paterna Maria Estilina, todos moradores de São João dos Pobres. Nos tempos das serrarias, seu pai trabalhava com um "carroção" tracionado por seis cavalos e transportava toras, madeiras serradas. Realizavam cerca de quatro a cinco "viagens" por dia, todo material destinado para a uma das primeiras serrarias, do famoso "Chiquinho Muleta". Com um detalhe, tudo feito com a força das mãos. "Meu pai sofreu muito para sustentar a família depois que mamãe faleceu, eram cinco filhos para sustentar, derramou muito suor, mas nunca deixou o pão de cada dia faltar, hoje está tudo fácil, se muitos fossem daquela época em que com 10 ou 11 anos já estávamos trabalhando no "cabo da enxada"; Atualmente está fácil e muitos reclamam. De segunda a sexta na escola e os dias seguia-se no trabalho, aos sábados, as meninas limpavam a casa, varriam a cozinha de chão, amassavam barro com esterco de gado e deixavam o chão bem liso e nivelado, parecendo um assoalho. O fogão era de pedras e barro, chaleiras e panelas de ferro, limpavam com tijolo ou pedras do rio. Na falta de sabão, cozinhava-se a cinza e lavavam-se as roupas, momentos que marcaram". Conta dona Rosa.
Segundo dona Alvina, para estudar, com seis anos caminhavam cerca de oito quilômetros por dia, pés no chão em dias de geada, usavam blusinhas, já que não possuíam casacos e o material era escasso. Ela afirma que atualmente está tudo mais fácil, mas a reclamação é demais. "Os veículos passam praticamente na porta de casa, usam calçados, falo sempre para meus netos, se vocês fossem da minha época, estariam perdidos''. afirma.
A comida da época era quirera com carne de porco, já que seu pai sempre tinha muitos porcos soltos pelos pinheirais e, dali saia parte do sustento do dia a dia. Pinhões cozidos em panelões de cinco litros depois retiravam a casca, socava-se no pilão, preparava-se uma paçoca que era misturada com torresmo, café forte, além do charque que não faltava. Nos dias em que aconteciam os abates de porcos era dia de festas para a família. Doces não existiam para eles, apenas no natal recebiam de presentes bolachas de mel. Atualmente as crianças têm a opção de escolher o doce que gostam.
Ela contou que na época em que eram crianças, a cozinha era de "chão batido", seu pai sentava-se com os filhos e contava muitas histórias, relacionadas aos "jagunços", que ele quase foi morto por engano, enquanto procurava os animais da família e foi atacado. "Minha avó gritou pelo amor de Deus, que não o matassem, por que aquele era o único filho que ela tinha, neste momento eles pediram perdão e deixaram meu pai vivo". Ressalta a senhora.
TRENS.
Rosa fala que viajou muito de trens, com o "Misto", para seguir para Porto União ou Caçador, ainda na época da estação de madeira, local onde a senhora Julia Chimanski, possuía um restaurante que servia almoço, janta e café, todos os dias a plataforma da estação lotava de pessoas que seguiam viagem, outros apenas para assistir a passagem dos trens, outros para comprar jornal, revistas e passear pelos vagões.
RESPEITO AS PESSOAS.
Em sua época o respeito estava em primeiro lugar, atualmente, está tudo diferente, entravam em um vagão de trem, as pessoas levantavam-se para ceder o lugar para as pessoas de mais idosas, hoje segundo ela, ao invés do respeito, está perigoso até morrer, pelas mãos de muitos.
Seu pai, Benedito Abel, faleceu com 108 anos em Matos Costa, mas ela lembra com emoção dos conselhos que ele pregava para os filhos. Nunca desrespeitar os mais "velhos", crianças, nunca deveriam ficar devendo para as pessoas, pagando o crédito existe.
SÃO JOÃO MARIA.
Ela se lembra de muitos amigos, parentes, inclusive das histórias de São João Maria, do qual é devota, ela disse que existem dois pocinhos, um no Rocio e outro perto da estrada para General carneiro. Acredita muito no "chá de vassourinha", indicado para gripe, depois de tomar o chá, deve-se ficar em repouso, sem ficar ar livre. Seu pai conheceu pessoalmente o monge, e ouviu muitos conselhos e fatos que ele falava que atualmente está acontecendo.
No comércio, tudo era comprado em sacas de vários quilos, além da Casa São Paulo, onde eram armazém e loja de roupas, comprava-se, o brim, chita comprada em metros e costurada na mão.
"Não esperava que hoje dia 23 de setembro de 2.014, fosse uma terça-feira cheia de felicidades para mim, fui ao médico, cheguei para falar com estes amigos abençoados da prefeitura, que sempre me tratam muito bem, falo e repito, nunca encontrei as portas fechadas para mim, além de encontrar a sua pessoa J.B, que me entrevistou também" finalizou a senhora Alvina Rosa de Sousa.
A ditosa senhora nunca recebeu uma homenagem, mas uma homenagem para ela, além da placa de homenagem que em breve o Grupo Resgate e Rádio Destaque Regional, estará oferecendo.