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SETEMBRO ENSANGUENTADO PARTE I

HISTÓRIA DE CALMON E REGIÃO.

Publicada em 01/03/17 às 10:10h - 1417 visualizações

por Rádio Destaque Regional


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FOTO ILUSTRATIVA DE CALMON, ANOS 90  (Foto: Rádio Destaque Regional)

SETEMBRO ENSANGUENTADO PARTE 1.

 

Dia primeiro de setembro de 1.914 nos redutos dos caboclos, o inverno esta acabando, o sol já esta um pouco mais forte, os últimos preparativos para atacar as instalações da Lumber e estrada de ferro estão no fim. Os líderes seguem as últimas ordens de Maria Rosa.

-Carmão será primeiro, chefe menino Chico leva um povo pra lá, sem derramar sangue de inocentes, Venuto você vai pra São João, não ataque mulheres, crianças e os pobres do Rucio! Ordena a jovem. No dia seguinte,  grupos são escolhidos e abastecidos de uma alimentação simples, facão de pau, armas de fogo adquiridas nos combates com os "peludos" estão  na carga.   Saem a tarde e pernoitam nas matas, já que o trajeto é longo. Pelos velhos caminhos de tropas os dois grupos seguem, Venuto saiu antes pois seu destino é mais longo, sanguinário, pelo caminho já vem matando pessoas, e gado. Chico Alonso menos sanguinário, caça e quando pode mata uma rês(vaca)  para dar de comer seus aliados.

         Três de setembro, o vento frio de final de inverno castiga de leve o povoado de Calmon, o trabalho transcorre normal na serraria, trens transitam normalmente com passageiros e cargas. Pessoas param na pequena cidade, mapeada pela Lumber para ser uma das maiores do estado. O dia e a noite passam sem problemas, O dia cinco de setembro amanhece, os afazeres reiniciam depois de uma noite de festas, mortes e barbáries causados pelos jagunços da Lumber. Fato que estavam acostumados.

         11h30min, o cheiro de carne de porco frita , com alho parece tomar conta do povoado, mesmo na pobreza as mulheres dos trabalhadores sabiam como agradar  os esposos e filhos.O cheiro de alho frito chega as narinas de seu Antonio na estação. No final da tarde o cheiro de Artemísia, e cravos que começam a florir depois de um inverno rigoroso, abafa também o cheiro de esterco deixado pelos animais de carroças e dos pistoleiros.

         Quatro horas, ouve-se apenas o barulho das serras da lumber, das batidas de tábuas e das marretas batendo ferro nas oficinas da estrada de Ferro. Os trabalhadores se olham, sentindo algo diferente no ar, já que alguns dias  no mês de agosto, vários caboclos e caboclas passaram pelo povoado, pareciam olheiros, anos antes um jovem caboclo matou alguns pistoleiros e sua fama ficou na memória das pessoas. Chico Alonso e sua equipe cruzam os campos, onde atualmente esta a fazenda de Miguel Spautz, poucas horas separam eles do alvo final, Calmon, seus moradores e o grande engenho americano, a Serraria.

Na floresta de araucárias, o que ainda restou, local onde atualmente esta a Escola Estadual de Calmon, Chico Alonso manda parar para descansar e ver como está o movimento, já que daquele local a visão é muito boa. Fala aos seus comandados.

-Hoje vamo faze vale nossos direitos que foram tomados pelos bandidos da Lumbê, queimem aquele monstro chamado de serraria, matem homens, mas deixem mulheres e crianças, orde de Maria Rosa.

Todos concordam com o jovem chefe.

Olham as armas verificam seus facões de pau, alguns rezam a São João Maria, outros baixam a cabeça e pensam que a batalha vai começar.

No povoado, as fagulhas das chaminés da serraria estão mais vermelhas e vivas, Seu Antonio estranha aquele silêncio nos pinheiros, mesmo com o barulho da serraria, a algazarra de macacos, bugios e pássaros são direto, naquela tarde tudo esta diferente. Até o vento balança as poucas roupas no varal, alguns cães começam a uivar, sendo acompanhados por outros.

         Enquanto isso em São João dos Pobres,  Os Negros do Rocio, estão atarefados com suas roças de tocos, é época de queimar o campo e a mata roçada, logo inicia as plantações. No povoado, de São João, o movimento é pouco, tudo parece tranqüilo, chega a noite e transcorre tudo bem. Amanhece nos campos, as florestas estão mais verdes, logo chega à primavera. Cinco de setembro, Venuto segue uma velha estrada de tropeirismo, que atualmente passa pelos campos de General Dutra, destino a estação de São João.

 A redação permaneceu conforma acontecia a fala na época.

Este material é exclusivo de João Batista Ferreira dos Santos, jornalista e pesquisador de Calmon SC.




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