O ex-primeiro Vice-prefeito eleito de Matos Costa SC, o saudoso Laudelino Fagundes,conhecido carinhosamente por DICO FAGUNDES, será novamente lembrando, já que sua história jamais foi e será esquecida. No dia 23 de abril de 2.016, a atual administração, do município, presta entre tantas homenagens que Fagundes recebeu, mais uma, desta vez denominando a UBS de Dico Fagundes. Raul Ribas Neto, acrescenta, dizendo, que, quando vereador apresentou e homenageou vários vezes o senhor Fagundes, com Título de Cidadão Honorário de Matos Costa, ele e sua esposa, Luiza Fagundes.
Abaixo uma das diversas entrevistas concedidas ao repórter JB, pelo qual Fagundes tinha um carinho especial.
Estamos falando de uma pessoa que saiu do meio-oeste catarinense para a capital do país, Rio de Janeiro na época. Com 89 anos, morador de Matos Costa, Laudelino Fagundes já foi domador de cavalos, atravessou e nadou nas águas do Rio Pelotas, dormiu em pelegos nas suas tropeadas levando gado e trazendo das verdes planícies Rio Grande do Sul para as colinas cobertas de pinheiros araucárias de Santa Catarina e do Paraná.
Laudelino Fagundes concedendo entrevista a uma emissora de TV
Seu Dico, como é conhecido na região, sabe que sua história é tão interessante que renderia um excelente livro. Ele é sempre alegre e feliz ao lado da inseparável esposa Luiza Fagundes, com quem vive há 62 anos. Dessa união vieram cinco filhos e dez netos, motivo de muito orgulho para os avós.
Quando garoto, jamais havia pensado em ser guarda presidencial. Seu sonho era residir no campo como seus pais. Na época, as travessuras de moleque eram divididas com os amigos e primos, ouvindo os "causos" dos mais velhos. A preferência era ser jóquei de corridas de cavalos, mas como era muito magro, driblava as exigências da época colocando chumbo e pedras nos bolsos, para dar mais peso.
"Desta maneira consegui ganhar de muitas pessoas, e a fama se alastrou, fez com fosse chamado a circos para domar touros. Quando não estava nas domas, ajudava meus pais com os afazeres da fazenda. Com o tempo comecei a tropear com meu pai, gostei da prática e conheci vários estados" conta entre risos, seu Dico.
Seu Dico (direita) ao lado do irmão José Fagundes (centro) e o cineasta Sylvio Back.
Aos 20 anos, foi servir o exército em Joinville quando foi transferido para o Batalhão de Guardas, no Rio de Janeiro. Serviu na guarda do presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, no Guanabara. "Getúlio era um homem muito bom e simpático. A família dele também era muito boa com os recrutas. Eram educados, perguntavam como estávamos e não tinham frescura, ao contrário de outros, como o Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, era linha dura, quando passava, tínhamos que parar de respirar" lembra.
Os 25 meses em que serviu como guarda do presidente lhe renderam muitas experiências. Uma delas foi conhecer o mar, ver garotas de biquíni e viver dias que jamais pensou e que aconteceria em sua vida de menino do campo. Até se fingir de doente aconteceu. "Arrependo-me, fui tratado por freiras, tinha que tomar remédios sem estar doente além de rezar diversas vezes, sopa era todo dia" recorda Fagundes.
Depois que retornou a Santa Catarina, a sua "velha" Matos Costa, retomou os serviços na lavoura e nas tropeadas. Começou a trabalhar com um vizinho e compadre de seu pai, foi o momento em que conheceu o seu amor, Maria Luiza, com quem iniciou namoro e mais tarde casou-se.
"Quando tropeava, era bom dormir nos capões de mato, e a noite passava tranqüila, agora no inverno era difícil, amanhecia com a geada em cima das cobertas, isso quando não nevava. Hoje qualquer friozinhos todos reclamam, para trabalhar saem depois das sete da manhã, em meu tempo cinco horas já era tarde para iniciar o trabalho" destaca seu Dico.
Depois de alguns anos, entrou na política, pelo PSD, depois passou para o MDB e foi eleito o primeiro vice-prefeito de Matos Costa. Naquele tempo o político não tinha salário, além de gastar com os eleitores. "Atualmente ganham muito e reclamam, nada está bom, eu não ganhei, mas gastei bastante, não me arrependo por que fui honesto e sou até os dias de hoje.", confirma o velho tropeiro.
Ao lado de amigos no monumento em homenagem ao Capitão Matos Costa
Laudelino Fagundes já recebeu várias homenagens da Câmara de Vereadores de Matos Costa pelos seus trabalhos prestados ao município e pela sua trajetória de vida. Atualmente vive na cidade e sempre que pode visita os amigos para contar um pouco de histórias.
Com a família Fagundes a tristeza vive longe, permanece a alegria. "Para chegar aonde cheguei, eu deitei cedo e evitei o sereno da noite, e sempre me acordei com o orvalho e a brisa fresca da madrugada" finaliza seu Dico.