Três e dezoito da tarde, marcava o relógio da estação de Miguel Calmon, um vento fresco trazia os últimos ares do inverno, já que a primavera se aproximava. Mesmo com o vento fraco, a tarde era ensolarada. A mata aos arredores do povoado estava Calma, pouco se ouvia dos pássaros, a não ser o canto dos quero quero ao redor da serraria. O corre corre no povoado estava normal, cargas de madeira chegavam pelos trilhos auxiliares AUMENTANDO AINDA MAIS AS MADEIRAS EXISTENTES NO PÁTIO DO ENGENHO DE SERRAR DA “Lumber Colonization”. 15 e 40 da tarde uma pessoa a cavalo chega assustado na estação e no Bar do Nicola onde avisa:
-Pessoal os rebeldes de Zé Maria estão chegando ao povoado, armados e em grande número!
O Chefe da Estação, rapidamente aciona o telégrafo e avisa as estações de São João, Presidente Pena, Nova Galícia e Porto União. No texto a chamada é a seguinte!
-SOCORRO REBELDES EM CALMON, ESTAMOS SENDO ATACADOS!
Enquanto isso próximo ao local onde atualmente esta a Escola de Educação Básica Calmon, um rapaz de 17 anos planeja o ataque, seu nome, Chiquinho Alonso.
O chefe ao centro de “uma roda” de pessoas fala:
-Pessoar, vamo vingá nossas crianças, nossos pais, nosso povo que morreu e foram expulsos de SUS terras pelos americanos da Lumbê! (Procuramos manter o palavreado da época).
E acrescenta:
-Não matem mulheres e crianças, são ordens de Maria Rosa, cuidem para que isso não aconteça.
Em seguida ele dá ordem pára o grupo atacar de várias frentes, alguns pelo norte do povoado, outros pelo sul e alguns descem a colina em direção aois trilhos.
Enquanto isso no povoado os pistoleiros, verdadeiros jagunços estão bem armados, com revólveres calibres 44 e 45 além de poderosas Winchester-O rifle que conquistou o Oeste.
16h20min, de todas as frentes um ataque fulminantes atinge Calmon, caem os primeiros homens colhidos de surpresas, golpes de facão brilham sobre o sol, o tiroteio é cerrado, de ambos os lados vai caindo gente. Enquanto isso um grupo adentra na estação, pegam as lanternas a querosene e espalham o liquido pelo chão e pelas paredes, colocando fogo em tudo. Os caboclos de Chico Alonso levam a melhor, apesar da baixa, frente às poderosas armas Americanas, os facões de pau e de lâmina fazem o serviço maior,
Os caboclos recolhem as armas dos americanos e rumam para a serraria, alvo central, onde o tiroteio recomeça novos corpos vão caindo, usando combustível encontrado na serraria, a madeira seca ajuda na proporção do fogo. Casas do povoado são incendiadas, o Chefe da Estação jaz pendurado na plataforma. Sobre os trilhos vários corpos estão espalhados, o SANGUE SOBRE OS TRILHOS, brilha sobre sol, dando um aspecto tenebroso, que se mistura com os estalos das telhas da estação e da serraria que queimam . Em frente à estação o estrago é maior, o número de corpos supera os da serraria, mulheres são aconselhadas a ficarem nas poucas casas que foram poupadas. Outras correm com as crianças e se escondem nas matas.
As estações aos arredores recebem o aviso e tentam retornar perguntando detalhes, mas já não recebem retorno e pensam no pior.
O Capitão Matos Costa que está na região é avisado.
No Bar do Nicola em Calmon, os caboclos sobreviventes, bebem e Chico Alonso escreve um bilhete com carvão e prega na parede com o seguinte texto:
“Nós não matava e nem robava, veio o governo da repubrica e robô tudo o que pertencia a nação nóis agora vai fazê prevalê nosos diretos”.
Em seguida Chico manda recolher os corpos dos companheiros mortos, abrem uma vala próximo a um banhado a beira da estrada deferro e ali depositam os corpos dos caboclos.
Homens e pistoleiros da lumber, alguns ainda vivos são jogados em um poço de água no pátio da empresa, outros degolados também são jogados nas águas turvas, agora ainda mais, devido ao sangue. É passado das 18 horas quando os caboclos deixam o povoado sobre um enorme clarão do incêndio da serraria.
Enquanto os caboclos retornam aos redutos, outro grupo segue para as instalações de São João dos Pobres, outra estação a beira da estrada de ferro. O Líder do Grupo é o Sanguinário Benevenuto Baiano, mais de 200 revoltosos seguem baiano passando pelos caminhos de tropeiros. Em Miguel Calmon a noite é um pesadelo para as mulheres que ficaram sem maridos, algumas também viram os esposos seguirem os caboclos. Os animais durante o anoitecer vão saindo aos poucos das matas para devorar os corpos insepultos que estão espalhados no povoado. Algumas mulheres recolhem entes queridos para um rápido velório, outras enterram em qualquer lugar para que os animais não devorem. Enquanto o terror acontece, a serraria da Lumber arde nas chamas, chamando a atenção das comunidades aos arredores. Um trem de inspeção que subiu de União da Vitória, recolhem os moradores que fugiram e as mulheres contam o que passaram naquela tarde. Quando o trem chega à Serra da Pirambeira, avista o clarão de fogo em Calmon, o maquinista e demais soldados definem, A GUERRA HAVIA COMEÇADO. O trem volta de marcha à ré, e novamente dá o alarme nas demais estações.
A noite passa sem incidentes, na manha seguinte outro trem chega a Calmon, o susto é enorme, corpos dilacerados estão espalhados nos trilhos, que ao amanhecer e o sol aparecendo ficam ainda mais vermelhos.
Por incrível que pareça a serraria e seu material continuam queimando, elevando uma fumaça branca pelos céus do Contestado.