CALMON NA MIRA DOS CABOCLOS!
Em cinco (05) de setembro de 1914, por volta das 15h00min, o pacato povoado de Calmon, estava tranquilo, ouvia-se apenas o barulho das serras da serraria Americana, Lumber, cortando as árvores que eram transportadas das matas pelos trens comboios.
Algumas pessoas estavam no armazém do Nicola, outros na estação ferroviária, enquanto os seguranças jogavam dados tranquilamente. Enquanto isso nas matas aos arredores do povoado, um jovem de 17 anos, repassava as últimas ordens e formas de ataque, Francisco Alonso, o "Chiquinho". Pedia que destruíssem tudo, matassem os "Gringos da Lumbe", homens, mas não "tocassem" nas mulheres e crianças. Alguns usavam panos brancos amarrados nas cabeças, outros apenas roupas velhas, mas, a vontade de matar e destruir eram enormes. "Antonio", o agente da estação, estava sentado na plataforma curtindo o sol, quando avista um cavalheiro que se aproxima a galope, para em frente o armazém e comunica que, os "fanáticos" estão vindo atacar o povoado. Seu Antonio olha para o lado Sul e avista uma multidão, com espingardas e pistolas "pick paus" ("armas de carregar pelo cano"), carabinas, facões de paus, velhas espadas, entre outras armas. O agente da estação; Corre e passa o aviso para as demais estações que repassam: SOCORRO, ESTÃO ATACANDO CALMON, SOCORRO! "Os seguranças correm, tentam deter o ataque surpresa, mas é tarde. Tudo o que é encontrado colocam fogo, casas, escritório, estação e a grande e visada serraria da Lumber. Homens caem mortos dos dois lados, mas quem começa a vencer é o Grupo de Chiquinho, que grita: "Morte aos peludos da lumbe, mataram nossas famílias, roubaram nossas terras, destruíram nossas árvores, matem, poupem crianças e mulheres.
O tiroteio é grande, gritos de pavor se ouve, no final da tarde restam apenas corpos espalhados pelo chão, casas ainda queimam, o estoque de madeiras da serraria, vira uma fogueira, o sangue nos trilhos brilha ao clarão do sol daquela tarde fatídica.
A noite chega, o clarão é enorme, mulheres continuam correndo pela linha férrea em direção a São João, um trem de inspeção recolhe mães e filhos, que contam o que se passou. Na Serra da Pirambeira o trem para e, seus ocupantes avistam o que se passa em Calmon, o maquinista retorna para dar o alarme as demais estações e ao Capitão João Teixeira de Matos Costa.
Naquela mesma noite, porcos e animais silvestres se divertem, dilacerando os corpos espalhados no centro da cidade que foi mapeada pra ser uma das maiores cidades de SC.
Outro dia, seis de setembro, outro ataque acontece, São João dos Pobres está na mira de Benevenuto Baiano. Esta é outra História.
Dias cinco e seis de setembro de 2.016, 102 anos do ataque ao povoado de Calmon, e ao povoado de São João, não há o que comemorar, mas não devemos deixar a história "morrer". Cinco e seis de setembro é feriado em Calmon e Matos Costa SC, uma homenagem aos mortos da guerra de irmãos contra irmãos, gerada pela ganância dos poderosos, principalmente os americanos, apoiados por alguns figurões brasileiros.
Autor: João Batista Ferreira dos Santos.
PEÇAS E MUNIÇÕES ENCONTRADAS PELO GRUPO RESGATE DE CALMON. OBJETOS QUE CONTAM A HISTÓRIA DE CALMON.
No dia 05 de setembro a serraria da Lumber e o povoado de Calmon, arderam nas chamas.