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PLATAFORMA DE SANGUE

CONTESTADO

Publicada em 22/05/2023 às 18:16h - 127 visualizações

por Rádio Destaque Regional


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 (Foto: Rádio Destaque Regional)

PLATAFORMA DE SANGUE.

O sol da tarde do dia cinco de setembro de 1914, estava avermelhado, o vento "chacoalhava" os galhos de pinheiros, desde a manhã daquele dia um grupo de caboclos que foram perseguidos, tiveram suas terras tiradas pela Lumber Colonization, estavam espreita para atacar o centro das atenções, a segunda maior serraria da América do Sul, o povoado visado para ser cidade, local de onde administrava toda a construção da ferrovia de União da Vitória  PR a Marcelino Ramos RS.

                O jovem Chico Alonso, repassa as ultimas instruções, .

                -Não matem mulheres e crianças, mas destruam tudo o que pertence ao povo das "oropa", queimem, destruam e matem os peludos que fazem a guarda de tudo.

                O povoado de Calmon continua calmo, ouve-se apenas o barulho da enorme serraria.

"Antônio", o agente da estação, estava sentado na plataforma curtindo o sol, quando avista um cavalheiro que se aproxima a galope, para em frente o armazém e comunica que, os "fanáticos" estão vindo atacar o povoado. Seu Antônio olha para o lado Sul e avista uma multidão, com espingardas e pistolas "pick paus" ("armas de carregar pelo cano"), carabinas, facões de paus, velhas espadas, entre outras armas. O agente da estação; Corre e passa o aviso para as demais estações que repassam: SOCORRO ESTÃO ATACANDO CALMON, SOCORRO! “Os seguranças correm, tentam deter o ataque surpresa, mas é tarde”. Tudo o que é encontrado colocam fogo, casas, escritório, estação e a grande e visada serraria da Lumber. Homens caem mortos dos dois lados, mas quem começa a vencer é o Grupo de Chiquinho, que grita: “Morte aos peludos da lumbe, mataram nossas famílias, roubaram nossas terras, destruíram nossas árvores, matem, poupem crianças e mulheres”.

OBS: (texto retirado do Livro: A História de Calmon na Guerra do Contestado de João Batista Ferreira dos Santos)

O barulho de tiros ensurdece o pequeno povoado de Miguel Calmon, os pistoleiros tentam conter o ataque e um a um vão caindo frente aos facões de pau dos caboclos, suas armas passam a pertencer aos caboclos que se fortalecem ainda mais.

Copos de caboclos e pistoleiros começam a aparecer, na plataforma da estação o sangue começa a pingas nos trilhos.

Corpos amontoados, sangue pingando, os poucos cães do povoado, uivam atrás de seus donos, parecia uma cena de filme de terror. Na verdade era um terror, que os americanos estavam sentindo na própria pele. O terror que haviam espalhado pelos sertões onde os caboclos viviam em paz, locais onde tiravam o sustento da terra, não matava e não roubavam, mas o governo brasileiro negociou com os americanos, doando os terrenos e vidas a troco de desenvolvimento.

Começando lá em 1912, com um Coronel Ganancioso e cheio de estrelas que prometeu trazer Zé Maria amarrado pra desfilar em praça pública, a primeira vitória dos caboclos foi presenciada, em quem desfilou em praça pública para seu sepultamento, foi o Coronel!

Por anos e anos, foi contado que os bandidos eram os caboclos, claro que muitos se i8nfiltraram nos redutos para manchar a honra dos caboclos e caboclas, tipo Venuto Baiano que era um sanguinário e acabou matando o Capitão Matos Costa.

Voltando a plataforma da Estação. Ali estava a prova que um rapaz de 17 anos, conseguiu destruir um povoado, matar pistoleiros, mesmo perdendo muitos companheiros, parte das mulheres e crianças trucidadas, violentadas pelos pistoleiros da Lumber estavam vingados, mas faltava mais.

O sol daquela tarde brilhava sobre o sangue, o calor das labaredas das casas e da serraria, mostravam um céu ainda mais avermelhado. A fumaça chamava a atenção do povoado de São João dos Pobres. Uma fogueira enorme., um povoado onde estivera um Presidente em 1909, cinco anos depois, vira cinza. Chico Alonso deixa um Bilhete na parede do Armazém da lumber:

-“Nóis não matava e não robava, mais veio o governo da repubrica e deu tudo pras gentes das oropas, nóis agora vai faze prevalece nosos directos”

Assinado:

Comandante Chico Alonso.

A tarde passa e somente ouve os estalos do fogo que ainda permanece queimando, chega a noite e o clarão ainda é maior. Um trem de reconhecimento se aproxima da Pirambeira, deste local da pra ver o clarão que toma conta de Calmon.

Os soldados e o maquinista da locomotiva, falam juntos,:

-Por causa da ganância de alguns a guerra começou!

O trem da marcha a ré e vai recolhendo mulheres, crianças e homens que se perderam fugindo da morte, mesmo sabendo que mulheres e crianças não era pra matar.

 A fome transparecia nos olhos das crianças, galho, arranhões de espinhos, era vista na pele das mulheres.

Porcos e cachorros do mato, comem os corpos insepultos no centro e arredores do povoado.

Três se passam queimando todo o material da lumber, estoque de madeiras, barracões, serraria e casas do povoado.
Um trem chega a Calmon, no dia 08 de setembro, depois de passar em São e recolher os corpos dos soldados, do Capitão Matos Costa e enterrar o povo da cidade, mortos a mando do Venuto Baiano.

 Em Calmon, a situação não é diferente, só não tem crianças e mulheres, corpos dilacerados pelos animais da noite, demonstram o que aconteceu no dia 05 de setembro.

 Todas as vitimas são enterradas em um cemitério improvisado.

A pergunta fica pra você que é morador de Calmon, onde estão enterradas s vitimas daquele dia trágico???

No Cemitério velho onde atualmente está a Igreja Católica, ou a beira dos trilhos???

Esta pergunta nunca foi feito, onde estão as mais de 500 vitimas mortas em setembro de 1914.

Poderemos estar pisando em corpos insepultos e não sabemos.

A história de Calmon somente veio à tona, á partir da criação do Grupo Resgate de Calmon, que muito contribuiu e continua resgatando a história.

Acreditem ou não, até 1994 ainda não se sabia o porquê do nome Calmon.

Ainda temos muito pra contar:

 Texto:

João Batista Ferreira dos Santos.

Jornalista e pesquisador!

 

 




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