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128 ANOS DEPOIS UM JORNALISTA NEGRO AINDA SOFRE COM O RACISMO.

RACISMO.

Publicada em 10/05/16 às 10:56h - 1637 visualizações

por Rádio Destaque/Jayne Ferreira


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 (Foto: Jayne Ferreira)
13 de maio de 1.888, 128 anos depois, apesar do preconceito ainda presente na nossa sociedade, também avançamos muito na luta contra o racismo. Poucos são os negros que conquistam um lugar de destaque em determinadas áreas. 
O jornalista João Batista Ferreira dos Santos, morador de Calmon SC, onde nasceu e formou família afirma que apesar de alguns fatos nesta região, o racismo existe, ainda que "meio escondido" na sociedade e locais de trabalho.
Desde pequeno, junto com mais dois irmãos de pele escura e um meio irmão de pele clara, JB, como é conhecido cita, que sempre foram deixados de lado em muitos locais. Por sua vez se sentia bem, quando brincava com amigos vizinhos, e quando ouvia os conselhos dos pais em casa. Filho de mãe branca e de pai negro se considera negro também e nunca negou este fato. De família pobre, iniciou os estudos na Escola Reunidas de Calmon, lá se sentia feliz  ao lado das professoras que o incentivavam para o futuro.
Fato que não sai de sua memória, era ver o pai abrindo valas para aumentar o pouco que recebia por mês para sustentar a família. Muitas vezes assistiu a discriminação com o pai na pequena cidade e com todos eles. Muitos chegaram a afirmar que negro somente servia para trabalhar de herança e carregar cargas.  Ainda menino trabalhou em lavouras de tomate, alho e milho, na lavoura de tomate adquiriu uma doença que o perseguiu por anos e anos, atualmente está curado. Fá de rádios, sempre foi um apaixonado por este meio de comunicação, adolescente falava que seria radialista e muitos sorriam dele com deboche, com afirmações racistas.
-Desde quando um negro será radialista? Perguntavam.
JB baixava a cabeça e saia do local, ouvindo o sorriso sarcástico das pessoas.
"Sofri muito desde menino, quando finalmente, depois de jovem consegui adentrar em uma emissora de rádio ainda me chamavam de "gavola", (pessoa que contava mentiras), meu pai sempre me aconselhou, afirmando que era para estudar, não olhar para aqueles que eram contra nós e sonhar, foi o que fiz". Destaca.
O tempo passou e depois de vários anos de estudo chega a faculdade, consegue se formar jornalista profissional, mesmo assim o preconceito escondido continua, destaca uma pessoa que sofreu ameaças, mas abriu uma das portas para ele, o ex-prefeito Alcides Bof, uma das raras pessoas que acreditou no potencial do rapaz. JB conta que mesmo por trás de uma assessoria de imprensa sofreu e ainda é visto com desprezo por muitas pessoas, por ser negro.
"Enquanto estas pessoas que me criticam escondido falam de mim, consegui lançar o primeiro livro de Calmon e Matos Costa, para azar deles. Mas o preconceito contra mim continua, sinto isso todos os dias, menos dentro da minha casa onde vivo com meus filhos e familiares.
João Batista o JB, reclama que até as palestras do Contestado, todos querem que ele fale gratuitamente, como se seu serviço não valesse nada. Afirma ainda que políticos usam seu trabalho para crescerem na mídia e esquecem quem foi o responsável por isso,um negro, que recebeu muito pouco para tal trabalho. Atualmente ele é assessor de imprensa na Prefeitura Municipal de Matos Costa SC, com seu ex-professor e atual prefeito Raul Ribas Neto, com quem tem um excelente relacionamento profissional.
No Brasil, a escravidão foi algo que de certa forma sempre existiu, desde o período do descobrimento, quando o homem branco resolveu tentar escravizar os índios. Esses, por sua vez, estavam em sua casa, conseguiam fugir e encontrar esconderijos. Eram volumosos, e isso dificultava a prática de escravidão, por isso os portugueses tentavam fazer uma troca, oferecendo bugigangas em contrapartida ao trabalho indígena. Mas quando o Brasil começou a produzir açúcar, por volta da metade do século XVI, os portugueses se viram na necessidade de obter mão-de-obra forte e barata, e nessas circunstâncias decidiram optar pelos negros africanos, que eram seqüestrados de suas colônias na África e trazidos ao Brasil para fazer um trabalho forçado, sendo tratado de forma desumana, pior que um animal.
Por outro lado, João Batista afirma que mesmo muitos não aceitando é um jornalista, um negro de Calmon SC.
128 anos depois a escravidão e o racismo disfarçado continua em toda a região do Contestado, especialmente em Calmon e Matos Costa SC.



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